I know I exist because you imagine me
Gui Marcondes
Nearest Truth
Nossa geografia mental está ancorada ao que vivenciamos no espaço físico. Nossos corpos habitam um lugar; enquanto ele for familiar, o processo de habitar é invisível, sem sobressaltos. Quando nossos corpos são expulsos do ambiente conhecido, entramos em um estado de sensibilidade elevada em que o processo de invenção do lugar é revelado. Nossa paisagem interna passa a ser modelada pela saturação sensorial. Sentimentos paradoxais são desencadeados e colidem em euforia. Ao mapear esses momentos de passagem, nos sobram apenas fragmentos, tanto imaginários quanto reais. Essa experiência cria uma ruptura no estado de bem-estar, uma ruptura do próprio ego, pois o pouco que somos capazes de entender se choca com o que realmente estamos vivenciando no momento.
Transitando de forma inconstante entre Nova York e sua cidade natal de São Paulo, Gui Marcondes mapeia suas explorações pelo desconhecido pessoal. Ele investiga diretamente as miragens criadas por fotos que se apresentam oníricas, desprendidas, fora de controle. Estas imagens geram inquietação, refletem
sobre si mesmas até entrar em ebulição e se esquivam de qualquer estabilidade. Ao observador cabe especular sobre o lugar, o significado e as intenções do autor. Gui não está transmitindo uma mensagem, mas proporcionando um canal para novas possibilidades: O espectador se torna parte do mapa. Somos autorizados e encorajados a imaginar junto com o artista. Recebemos uma bússola para navegar em nosso próprio território indeterminado e convidados a compartilhar a experiência humana da incerteza. De suas imagens podemos extrair, então, uma nova cartografia.