Leo Drumond e Natália Martino
A fotografia tem o poder de criar empatia entre pessoas que talvez nunca se conheçam pessoalmente. Ela é capaz de quebrar tabus e desafiar preconceitos. Situações de pobreza extrema, de violência cotidiana e de caos instalado podem gerar imagens contraditoriamente belas. E, a partir delas, é possível chamar a atenção para pessoas anônimas e para problemas que tantas vezes preferimos ignorar. Para conseguir realizar trabalhos desse tipo, porém, é preciso desenvolver estratégias especiais de abordagem dos grupos a serem fotografados. Em situações de vulnerabilidade social, essas pessoas costumam ser mais refratárias a essas iniciativas e constantemente questões de segurança do realizador e de respeito a um ambiente tão diferente precisam ser consideradas.
A oficina vai abordar a relação dos profissionais de imagem e comunicação com esses grupos em estado de vulnerabilidade, sejam eles parte da população carcerária, moradores de rua ou doentes mentais. Como se relacionar, como se preparar para contar estas histórias? Como trabalhar nossos próprios preconceitos e garantir alguma empatia com as pessoas a serem retratadas? Em um mundo onde todos têm uma história forte para contar, respeitar as diferenças é o início de uma transformação dessa realidade. É preciso cruzar as fronteiras dos próprios preconceitos para fazer parte dessa transformação.
Os realizadores, Leo Drumond (fotógrafo da NITRO) e Natália Martino (jornalista), vão falar de suas experiências com grupos vulneráveis, principalmente no desenvolvimento de ações para o Projeto Voz – que tem trabalhado para criar espaços de fala para grupos em geral destituídos do poder de expressar publicamente suas visões de mundo, especialmente a população carcerária. Alguns homens privados de liberdade que participaram de trabalhos desenvolvidos por meio do Voz estarão presentes para dar seus depoimentos sobre o assunto. Na troca de experiências, os alunos serão convidados a se expressar em relação ao tema central e a falar sobre como a imagem permeia suas vidas na relação com o outro – e como ela pode alterar essa relação.
Faremos as primeiras discussões já dentro de uma unidade prisional, a APAC (Associação de Proteção e Amparo ao Condenado) de São João Del Rei. Os participantes também poderão fotografar, filmar e narrar as histórias contadas pelos internos, além de registrar o funcionamento da unidade. Será uma oportunidade única para conhecer um modelo improvável de presídio: aqui, os próprios presos cuidam de tudo, da chave da porta à alimentação, não há policiais e armas são proibidas. Mais que um workshop de fotografia, nosso objetivo é proporcionar uma experiência aos participantes onde a imagem vai atuar como um reconciliador de realidades distintas, mas não opostas.
Leo Drumond é fotógrafo, um dos sócios da NITRO e autor dos livros Beira de Estrada e Os Chicos, ganhador do premio Jabuti de melhor livro de fotografia.
Natália Martino é jornalista com atuação em revistas como a semanal Istoé e a especializada Horizonte Geográfico.
São cofundadores do Projeto Voz, série de iniciativas de comunicação voltadas principalmente para a população carcerária brasileira. Uma das ações é a revista A Estrela, que consiste em um curso voltado para detentos que permite que eles produzam todo o material (textos e fotos) da publicação. A unidade da APAC de São João Del Rei já recebeu o trabalho e alguns dos participantes darão seus depoimentos. Mães do Cárcere é um livro que aborda a realidade de uma unidade prisional voltada exclusivamente para gestantes e lactantes. O curta metragem Casamento de Cinderela conta a história de um artesão e a relação com sua mulher.
Data
29 e 30 de Março
Horário:
Sexta-feira - 8h às 17h | sábado - 8h as 14h
Local
São João del Rey (APAC) - transporte oferecido pelo Festival
Carga horária:
14 horas
Pré Requisitos:
Ser maior de 18 anos | Possuir equipamento fotográfico e/ou de vídeo
Número de Vagas:
16
Investimento:
R$ 550,00 - valor promocional para inscrições até dia 3 de março: R$ 495,00 Pagamento em até 3 parcelas
Programa:
ATENÇÃO: Todas as atividades da oficina irão ocorrer na unidade prisional APAC (Associação de Proteção e Amparo ao Condenado de São João Del Rei), distante 15km de Tiradentes. Transporte de Tiradentes a São João e alimentação (café da manhã, almoço e lanche da tarde) estão incluídos no valor.
29 de Março (Sexta-feira)
07:15 SAÍDA DE TIRADENTES – PONTO DE ENCONTRO AO LADO DA RODOVIÁRIA
08:00 às 08:30
Café da manhã com os recuperandos
08:30 às 12:00
Apresentação do Projeto Voz - iniciativas de comunicação em unidades prisionais: A Estrela, Mães do Cárcere e Casamento de Cinderela
Como trabalhar com grupos vulneráveis: preparação, pesquisa, contatos, produção.
Princípios éticos na relação com a pessoas em situação de vulnerabilidade: abordagem, relação com a câmera e cuidados com a imagem do outro.
12:00 às 13:00
Almoço com os recuperandos
13:00 às 16:00
Visita guiada pela unidade
16:00 às 17:30
O lado de lá: depoimentos de recuperandos da APAC sobre suas vidas e seu envolvimento com projetos de comunicação
30 de Março (sábado)
07:15 SAÍDA DE TIRADENTES – PONTO DE ENCONTRO AO LADO DA RODOVIÁRIA
08:00 às 08:30
Café da manhã com os recuperandos
08:30 às 12:00
Visita guiada pela unidade para realização de fotos e entrevistas
12:00 às 13:00
Almoço com os recuperandos
13:00 às 14:30
Encerramento e retorno