Segunda não abre

Marcelo Garcia

Autopublicado

“Segunda não abre” é um bem-humorado trabalho de documentação de um tipo específico de iconografia vernacular da cidade de São Paulo: a arte comercial feita por artistas populares para salões de beleza. Esses artistas são quase sempre autodidatas, vão aprendendo o ofício conforme trabalham e muitas vezes sequer assinam suas obras. A falta de apuro técnico ou estético produz imagens que muitos reputam menores ou imperfeitas, dificilmente comparáveis ao que os círculos artísticos e museológicos chamam de arte, mas, a despeito das limitações em sua formação, o artista popular possui um grande vocabulário imagético, um repertório que se traduz em pinturas marcadas por uma autenticidade ingênua e encantadora. Recentemente, as pinturas feitas pelo artista popular começaram a dar lugar a peças de comunicação visual feitas em gráficas profissionais – atualmente, é muito fácil e barato produzir cartazes, letreiros e mostruários utilizando imagens de modelos com cabelos incríveis e cortes modernos, feitas por fotógrafos profissionais. Essas peças supostamente são mais eficientes para atrair clientes e deixam os salões com uma aparência mais sofisticada, sendo provável que os artistas populares sejam cada vez menos requisitados com o passar dos anos.